Entrevista com Taciano Zimmermann, aprovado no CACD 2019

Terça, 14 de janeiro de 2020

Entrevista com Taciano Zimmermann, aprovado no CACD 2019

Aprovado em segundo lugar no CACD 2019, Taciano Zimmermann nos conta sobre sua preparação para as provas de inglês do CACD!

 

Você já tinha conhecimentos avançados da língua inglesa quando começou a estudar para o concurso?

Não. Eu tinha um inglês intermediário. Como nunca fiz curso regular do idioma, daqueles extensivos que duram anos, aprendi muito por iniciativa própria. Depois, incorporei aulas particulares, oportunidades de conversação e experiências no exterior, ainda que breves. Meu contato com a língua, em todo caso, foi mais por meio de vocabulário formal. Por ler bastante em inglês, eu compreendia melhor um texto acadêmico ou jornalístico que um diálogo de rua. A preparação para o CACD me deu a oportunidade de preencher lacunas gramaticais e lexicais importantes e de melhorar a qualidade da minha escrita.

Qual foi a melhor maneira que você encontrou para estudar vocabulário novo e fixa-lo?

Eu gostava sobretudo de ler livros e textos em inglês. O Kindle foi bastante útil, porque bastava um toque na tela para consultar o significado de palavras que eu não entendia. Eu também lia muitos artigos da The Economist e de outros periódicos, que, além de me auxiliarem em política internacional, continham sempre vocabulário novo e ideias para melhoria de estilo. Usei flashcards também. Embora não fosse tão metódico em relação a isso, memorizei diversas palavras e expressões com a ajuda deles.

Como você estudava collocations, em particular?

A Selene foi quem me chamou atenção explícita ao problema das collocations. Até então, eu me guiava muito pela sonoridade da frase e pela familiaridade da expressão. O que me soava idiomático eu utilizava. Creio que a memória é um processo de associação que pode se consolidar por vários caminhos. A musicalidade da linguagem é, no meu caso, uma das formas mais eficientes de fazer associações. Com o auxílio da Selene, porém, comecei a anotar em flashcards as collocations que eu não acertava, para futura revisão. Ela me abriu os olhos para o fato de que a gente aprende o idioma em “chunks of language” (grupos de palavras, expressões), não em palavras isoladas. Isso me fez ver o aprendizado de outra forma e melhorou muito minhas habilidades de compreensão e escrita.

Que tipo de exercícios complementares aos simulados (vocabulário, gramática, tradução etc.) você acha imprescindível fazer?

Leitura, para mim, foi imprescindível. Foi incorporando em mim o estilo de escrita esperado. Mas, como eu tinha essa coisa da memorização pela musicalidade, foi extremamente útil também eu ter mantido experiências de conversação e ouvido vários podcasts e programas em inglês. Não sei se é indispensável para todo mundo, mas creio que foi no meu caso. Diversas vezes me peguei ouvindo discursos do Obama e de outras personalidades no YouTube, por exemplo, entre um ciclo de estudo e outro. As estruturas que eles usavam ficavam na minha mente depois. E eu sempre gostei de cantar e ouvir músicas em inglês também, o que não é bem um exercício para a prova, mas talvez ajude.

Como você se preparou para a primeira fase do exame? Apenas através da resolução de questões?

Basicamente por aquisição e memorização de vocabulário, leitura extensiva e treino específico, sob orientação.

Você tinha alguma estratégia no que diz respeito a deixar respostas em branco?

Em 2018, quando uma errada anulava uma certa, deixei 10% da prova em branco e passei no TPS. Em 2019, a penalização pelo erro caiu pela metade, o que me levou a não deixar nada em branco. Passei também. Se fizesse a prova novamente hoje, porém, é bem provável que eu deixasse entre 1%-5% em branco, nas questões em que não faço absoluta ideia do que se trata.

Em que ordem você acha aconselhável fazer as tarefas da prova de inglês de segunda fase?

Antes de falar o que funcionou para mim, acho que o melhor conselho é que não tem receita única. No meu caso, entendi que funcionava melhor fazer resumo, redação, tradução e versão, nessa ordem. Eu tinha a ideia de que ler o texto do resumo me ativava o inglês e me deixava mais idiomático na hora da redação. Meu lado ansioso também queria terminar primeiro os dois exercícios mais complexos, que, para mim, são o resumo e a redação, para depois ir para os menos complexos. Eu entendia que a tradução e a versão eram os únicos que eu poderia eventualmente fazer com mais pressa sem me prejudicar tanto.

Quanto tempo você acha aconselhável reservar para cada tarefa da prova de inglês de segunda fase?

Eu não era tão cartesiano, mas, por cima, reservava 1h15 para o resumo, 2h30 para a redação e 1h15 para tradução e versão (mas dá para fazer em 1h ou 50min caso os dois primeiros tomem mais tempo que o esperado). Entretanto, tenha em mente que, na hora da prova, você só é informado do tempo de 1 em 1 hora, ou seja, dificilmente vai saber se já passou 1h15 ou 1h30.

Como era seu processo para cada tarefa da prova de inglês de segunda fase?

No resumo, eu lia o texto uma vez inteiro sem parar. Depois, ia sublinhando e separando as ideias principais de cada parágrafo, para então estruturar o que seria meu texto. Com a prática, fui tornando meu início do resumo mais padronizado. Na redação, eu usava bastante tempo (talvez 40-50min) para pensar em uma tese, estruturar os parágrafos (com tópico frasal, argumentos e exemplos) e escrever uma boa introdução. Rascunhava apenas a introdução. O restante escrevia direto. Não sei até hoje se foi a melhor estratégia, mas foi o suficiente. Na tradução e na versão, eu lia os textos inteiros e sublinhava as partes mais difíceis, sobre as quais precisaria pensar com mais calma. Então, sem fazer rascunho, ia escrevendo frase a frase, depois de montá-las na cabeça.

Alguma dica de ouro para os candidatos?

Não acho que sejam de ouro, mas deixo alguns aprendizados pessoais. Reavalie constantemente a si mesmo e o seu processo de estudos. Mude quando estiver desconfortável ou com rendimento baixo. Seja sincero a respeito dos seus pontos fracos e dê atenção especial a eles. Não exija de si mesmo mais do que você pode dar: cada um tem seu ritmo. Por mais clichê que seja, apaixone-se pelo processo de aprendizado, sem pensar tanto no resultado. Caminhe mesmo quando não houver caminho. E separe um tempo para descansar.