Entrevista com Cauê Rodrigues Pimentel, aprovado no CACD 2018

Terça, 8 de janeiro de 2019

Aprovado no CACD 2018, Cauê Rodrigues Pimentel também nos conta um pouco sobre suas estratégias para as provas de língua inglesa!

1.       Você já tinha conhecimentos avançados da língua inglesa quando começou a estudar para o concurso?

Sim.  Estudei durante o colegial em uma escola de idiomas local, em minha cidade natal. Depois disso, fiquei anos a fio sem aulas de inglês, mas, por causa da pós-graduação, meu uso da língua era praticamente diário. Além disso, vivi cinco meses nos EUA, fazendo parte da minha pós-graduação em Washington. É importante ressaltar, contudo, que o CACD exige uma preparação especial, voltada para as características peculiares da prova; assim, o “background” na língua ajuda enormemente, mas ele não basta para garantir um bom desempenho, sobretudo na Terceira Fase.

2.       Qual foi a melhor maneira que você encontrou para estudar vocabulário novo e fixa-lo?

Ler, ler, ler. Lia muitos artigos – acadêmicos e jornalísticos -, além de estudar parte da bibliografia do CACD em inglês (por exemplo, li as “Eras” de Hobsbawm em inglês). Além de ler, é importante anotar: manter um pequeno caderno com vocabulário que pode ser útil na prova e, de tempos em tempos, repassar esse vocabulário, para poder fixá-lo. Confiar apenas na memória, ainda mais em um concurso que possui um volume colossal de informações, é, seguramente, uma estratégia falha.

3.       Como você estudava collocations, em particular?

Da mesma forma que o vocabulário: lendo, anotando e revisando, periodicamente, as collocations. As correções das tarefas de inglês também eram fundamentais nesse aspecto: ajudavam a corrigir imprecisões e a testar collocations que poderiam funcionar em uma situação de prova. Mais do que decorar “fancy collocations” é importante ter segurança em utilizar collocations que favoreçam a clareza e a inteligibilidade do texto, além, é claro, da naturalidade da língua.

4.       Que tipo de exercícios complementares aos simulados (vocabulário, gramática, tradução etc.) você acha imprescindível fazer?

Algo que me ajudou na prova de 2018 foi a leitura de edições bilíngues de clássicos da literatura. Essa dica vale não só para o inglês, mas também para os outros idiomas. As tarefas de tradução/versão tem alcançado níveis muito altos de exigência; assim, ler e estudar por edições bilíngues constitui, ao meu ver, um excelente exercício que abrange diversas competências que serão exigidas na terceira fase. De resto, não há segredo: o mais importante é praticar constantemente cada um dos exercícios e sempre revisar, com calma e paciência, as correções. Uma estratégia que utilizei, em 2018, foi reescrever as redações após receber as correções da Selene; acredito que esse método me ajudava a fixar estruturas, construções frasais e, principalmente, evitar a repetição de erros. Por fim, creio que mesmo que a Terceira fase esteja longe, é sempre importante manter uma rotina de exercícios dissertativos. Jamais deixe para estudar para as línguas apenas após a Primeira fase.

5.       Como você se preparou para a primeira fase do exame? Apenas através da resolução de questões de interpretação de texto no formato das questões do CESPE?

Resolvi, diversas vezes, as provas antigas do TPS. Com o passar do tempo, no entanto, esses exercícios começam a ficar “viciados”, e muitas vezes você acerta itens difíceis por meio da memória passiva dos gabaritos. Por esse motivo, quando foi publicado o edital, acabei realizando alguns simulados de Primeira fase com a Selene, para refrescar a memória. Eles me ajudaram muito, fosse pela qualidade dos textos selecionados, fosse pela semelhança lógica entre os exercícios propostos por ela e os exercícios do TPS. À parte disso, estudava mais pensando na Terceira Fase e isso acabava refletindo, positivamente, na nota de Primeira Fase. Mas ressalto que essa estratégia parece funcionar (ou funcionou, pelo menos, para mim) em inglês, mas pode ser fatal em relação às outras disciplinas, como HB, PI, GEO, etc.

6.       Você tinha alguma estratégia no que diz respeito a deixar respostas em branco?

Sempre reservei os itens em branco para as questões de vocabulário. Se você não conhecer a palavra em questão, o chute é muito arriscado. São poucos os casos em que é possível inferir o significado preciso (um exemplo é quando a banca oferece quatro possíveis traduções – quatro itens – para uma única palavra; nesse caso, é possível, por meio da inferência lógica, eliminar pelo menos um ou dois itens como certo ou errado). Dou um exemplo prático: no TPS de 2018, deixei quatro itens em branco na prova de inglês; todos eram de vocabulário. Há, também, algumas questões de interpretação que são bastante ambíguas; nesses casos, é preciso ponderar se vale a pena ou não chutar (em geral, eu acabava arriscando nesses itens e, caso houvesse possibilidade, enviava extensos recursos pós-prova).

7.       Em que ordem você acha aconselhável fazer as tarefas da prova de inglês de segunda fase?

Sempre fiz na mesma ordem: primeiro, o Summary (que ajuda a por as engrenagens do inglês em movimento); em segundo lugar, composition; depois, a tradução Inglês-Português; por fim, a versão Português-Inglês,

8.       Quanto tempo você acha aconselhável reservar para cada tarefa da prova de inglês de segunda fase?

Summary: em torno de 1 hora. Em 2018, o summary foi um pouco mais longo que o usual. Isso pode atrapalhar (como me atrapalhou) na organização do tempo.

Composition: duas horas e meia. Jamais consegui fazer em menos tempo que isso.

Tradução: 45 minutos

Versão: 45 minutos (ou o tempo que sobrar). A Versão tem se tornado o exercício mais difícil da prova e, aparentemente, aquele no qual a média das notas cai vertiginosamente, mesmo entre os aprovados. Assim, pensando pragmaticamente, se tiver que sacrificar algum tempo, no dia da prova, sacrifique o tempo da versão

9.       Como era seu processo para cada tarefa da prova de inglês de segunda fase?  

Summary: lia o texto, grifando e fazendo anotações laterais nos cantos da prova. Fazia um pequeno resumo da introdução, apenas. Os outros parágrafos escrevia sem rascunho, da maneira mais clara e objetiva possível, sem firulas e sem vocabulário rebuscado

Composition: leitura atenta do enunciado. Depois, montava uma rápida estrutura de cada parágrafo, enumerando duas ou três ideias gerais por parágrafos. Finalmente, fazia o rascunho da composition e passava a limpo (houve casos em que, por falta de tempo, escrevi a conclusão sem rascunho)

Tradução (Inglês-Português): lia o texto e circulava aquelas palavras mais capciosas, já anotando possibilidades de tradução. Nesse exercício não fazia rascunho. Passava direto a limpo e preferia, ao final, reler duas ou três vezes para corrigir erros de morfossintaxe. A maior preocupação, nesse caso, é manter o registro literário do texto original: no caso de 2018, por exemplo, era importante manter a qualidade da prosa, fazer com que a tradução soasse, ao final, como algo esteticamente literário.

Versão (Português-Inglês): lia rapidamente e depois fazia um breve rascunho. Muitas vezes, há palavras ou trechos difíceis de serem traduzidos; nesses casos, saltava essas partes (para não perder tempo demais) e tentava garantir, acima de tudo, que o texto fosse coerente e inteligível na língua inglesa (acredito que, enquanto a tradução deve prezar pela qualidade literária, a versão deve prezar pela inteligibilidade das informações do texto, sem grandes rebuscamentos).

10.   Alguma dica de ouro para os candidatos?

Keep it simple! A prova de inglês (assim como o CACD, em geral) parece, à primeira vista, uma prova hermética de erudição. Com o tempo – e muito treino (como a Selene me demonstrou) – você começa a compreender que, no fim das contas, o que realmente conta é a capacidade de passar informações corretas, de maneira clara, objetiva e que, sobretudo, respeite a estrutura do idioma estrangeiro. A prova exige certo refinamento, mas essa elegância não está no uso de palavras complexas ou construções pretensamente “fancy”, e, sim, na capacidade de apresentar um inglês limpo, com o menor número de erros possíveis e que transmita informações de modo claro. Pense duas vezes antes de usar estruturas ou vocabulários sofisticados e só os use se forem necessários; uma prova cheia desses elementos acaba passando um artificialismo que – garanto – não vai enganar a banca.

A segunda dica é ainda mais corriqueira: treine e leia muito! Familiarize-se com o idioma; tente usá-lo cotidianamente. No CACD, não há outro caminho para o sucesso.