Entrevista com a diplomata Maybi Mota, aprovada no CACD 2017

Quarta, 14 de fevereiro de 2018

Entrevista com a diplomata Maybi Mota

Aprovada no CACD 2017, Maybi Mota comenta como organizou seus estudos de língua inglesa para o concurso. As perguntas foram elaboradas por alunos meus e generosamente respondidas pela diplomata. Espero que suas valiosas dicas de estudos possam ajudar outros candidatos com as provas de língua inglesa do CACD!

 

Você já tinha conhecimentos avançados da língua inglesa quando começou a estudar para o concurso?

Sim. Minha trajetória prévia ao CACD foi 80% baseada em estudos autodidatas. Sempre busquei oportunidades de praticar inglês, mesmo que não tivesse tido acesso a escolas privadas de línguas antes da faculdade. Quando cheguei aos estudos para o CACD, já tinha tido a oportunidade de morar fora (ainda que não em país de língua inglesa) e de ter feito meu mestrado em inglês, além de ter trabalhado como tradutora de notícias por quase dois anos. Em todo caso, quando comecei a estudar para o CACD, percebi que era necessário melhorar muito ainda.

Qual foi a melhor maneira que você encontrou para estudar vocabulário novo e fixa-lo?

Meu vocabulário só aumentou quando comecei a ler de maneira sistematizada, a fazer um banco de palavras e a estudar essas palavras repetidamente. Temos a impressão de que leituras livres aumentam o vocabulário, quando, na verdade, elas são apenas coadjuvantes. Nada substitui um estudo organizado e sistemático. Além disso, as dicas da Selene sobre aplicativos e os feedbacks personalizados sempre me ajudaram bastante a atentar para a polissemia de palavras que eu julgava dominar.

Como você estudava collocations, em particular?

Eu só descobri as collocations e melhorei meu domínio das preposições com os simulados da Selene. A partir de então, comecei a estudar as correções repetidamente e a usar dicionários de collocations. Ainda que eu soubesse que os simulados devessem ser feitos no tempo e nas condições de prova para um melhor aproveitamento, as collocations que eu não dominava eu sempre checava para não memorizar errado. Comecei a atentar para collocations ao ler e trabalhar com traduções também: sempre marcava combinações que desconhecia. Por fim, também me ajudaram os “sets” que a Selene criou no Quizlet e o banco de palavras que criei com a ajuda dela, pois havia um campo para collocations.

Que tipo de exercícios complementares aos simulados (vocabulário, gramática, tradução etc.) você acha imprescindível fazer?

Meus estudos giravam em torno dos simulados. Minha meta era sempre melhorar em relação aos simulados anteriores. Assim, eu estudava meticulosamente as correções e fazia os exercícios que a Selene recomendava, particularmente os do Grammar in Use da Cambridge. Além disso, fazia exercícios e práticas nos aplicativos. Por fim, se, feito tudo isso, ainda sobrasse algum tempo, eu lia algo da The Economist com atenção ao vocabulário e às collocations.

Como você se preparou para a primeira fase do exame? Apenas através da resolução de questões de interpretação de texto no formato das questões do CESPE?

Quando fiz uma avaliação dos meus pontos fracos ao começar a estudar para o CACD, percebi que a primeira fase de inglês não era um grande desafio para mim, de forma que sempre dediquei maior tempo à preparação para a prova escrita. Aproveitava parte desses estudos para a primeira fase. No mais, nunca deixei de fazer provas CESPE (de nenhuma matéria) e fiz simulados da Selene para não perder a prática.

Você tinha alguma estratégia no que diz respeito a deixar respostas em branco?

Não. Em vários momentos, cheguei a pensar em estratégias desse tipo, mas, no meu caso, cheguei à conclusão de que isso era uma forma de procrastinar meus estudos.

Em que ordem você acha aconselhável fazer as tarefas da prova de inglês de segunda fase?

Decidi, em algum momento da preparação, não começar pela composition, pois é uma tarefa em que se pode “gastar” muito tempo sem que nos demos conta. Eu sou o tipo de pessoa que quer ficar modificando muito para chegar ao texto perfeito e, começando pela composition, eu tiraria tempo de outras tarefas. Assim, eu começava por qualquer uma das outras tarefas (a que me parecesse mais “fácil”) e deixava a composition para o fim.

Quanto tempo você acha aconselhável reservar para cada tarefa da prova de inglês de segunda fase?

Agora a prova tem 5h de duração, mas, ainda assim, sempre tentava terminar em 4h e ter tempo para revisar. Revisar é extremamente importante. Então eu diria em torno de 40min para a tradução A, 1h para a tradução B, 1h para o summary e 1:20 para a composition. Com essa 1h “extra”, eu sugeriria dar mais tempo à composition e dedicar o tempo restante a alguma das tarefas que seja particularmente difícil no ano em que o candidato realizar a prova.

Como era seu processo para cada tarefa da prova de inglês de segunda fase?

Nas traduções, eu lia com atenção cada período e, rapidamente, o parágrafo. A partir daí, começava a traduzir. Sempre que necessário, voltava a ler o período e o parágrafo, para que a tradução não ficasse muito truncada. Quando eu não conhecia a palavra, fazia uma paráfrase ou adivinhava. Deixar em branco ou errar uma palavra vai levar à perda da mesma quantidade de pontos, então adivinhar ainda te dá a chance de eventualmente ganhar um ponto.

No summary, eu lia extremamente rápido o texto inteiro e anotava palavras-chave. Apenas assim é possível captar qual é o foco do texto. A partir daí, eu resumia parágrafo por parágrafo.

Na composition, eu fazia um brainstorm e buscava formular uma tese e três argumentos principais que a sustentassem. A tese estaria na introdução e os três argumentos resumidos no último período da introdução. Esses três argumentos eram transformados em tópicos frasais de cada parágrafo do corpo de texto. Cada argumento tinha um exemplo ilustrativo. Embora fosse mais seguro fazer um rascunho básico (especialmente agora que há tempo suficiente pra isso), eu não fazia pela razão que já mencionei: eu iria querer mudar muito o tempo todo e não terminaria a prova. Em 2016, eu cheguei até mesmo a riscar a introdução e começar de novo duas vezes na folha de respostas. Imagina se eu fizesse rascunho?

Alguma dica de ouro para os candidatos?

Repetir, revisar e repetir! É muito comum ver os candidatos reprovados dizendo que precisam “aprofundar”, “melhorar os conhecimentos” e afins. Mas a alma de qualquer concurso é dominar o básico. Isso só se alcança com repetição e revisão.

Também daria uma dica mais “autoajuda”: conheça suas limitações. Eu só comecei a ser mais produtiva e eficiente quando busquei conhecer e aceitar minhas limitações. Um exemplo? Embora estivesse trabalhando apenas esporadicamente desde março de 2017, eu não conseguia mais me forçar a estudar mais de 6-7 horas líquidas por dia. Em algum momento, forcei-me a aceitar isso. Não foi fácil, mas foi necessário. E cá estou no IRBr.